terça-feira, 26 de junho de 2007
A mais linda figura escatológica.
Levava na cabeça cachos de fogo,
Entidade curupírica
De pés para frente.
Todos os dias, às dezesseis horas,
Final de expediente,
Tentava atocaiar Macunaíma
Na frente da biblioteca central
Do Estado maravilhoso da mente.
Mas Macunaíma sempre saia pelos fundos
E ia buscar abrigo lá na Rua Lopes chaves,
No Bairro da Barra Funda,
Casa do Mário de Andrade.
Restava-lhe fumar, cheira, beber cauim
E desatinar num esforço sobre humano
Para transformar-se em um curumim
Com asas de arara azul e bico de tucano.
Rumava em direção aos erês
Do afro samba.
Briga de valente!
Flechas, pedras, cantoria de viola,
Guerra de repente!
Quem fizesse o melhor mote decassílabo
Teria o direito de ir pescar com o pajé da aldeia Kraô
Em algum rio limpo de água corrente.
Mas o que queria mesmo, no interior da poesia ilógica,
Era morrer jovem para existir sempre.
Pensava ser melhor tornar-se mítica figura escatológica
Que um velho moralista engravatado e decadente.
(Tela de Tarsila do Amaral)
9 comentários:
Eta que esse Anderson é um dos meus escritores preferidos...muito inspirado!
Lindo Anderson, lindo! esse blog tá muito bom. Eu já conhecia esse, continua muito bom.Beijão
Macunaíma é um de meus ídolos, o anti-herói, e você o coloca em cenários tão conhecidos, isso o traz pra perto da realidade, mais próximo da atualidade.
Muito bem escolhido para primeiro poema aqui no Manufatura. Sê bem-vindo! Beijo grande!
Um poema cheio de imagens e um final arrebatador!
Belo poema. Vc tem um estilo diferente. Muito legal! Seja bem-vindo ..
Que tal se transformar em um engravatado curupírico???
não sabia que Anderson tava no Manufatura, que beleza de surpresa
:D
mto bom, como sempre
eaiaeaeuiaehea
flew!
gostado pela perspicácia, pelo domínio poetico, pelo vigor das descrições. amigo, fã...
Olá alguém sabe quem é Cauim Kraô? Meu contato é frutaf@hotmail.com
Obrigada Camila
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