quarta-feira, 23 de maio de 2007

CONVITE



Foto: Joana Muge


Deita tua voz em meus ouvidos
ferindo a castidade que me faz dormir tão cedo.
Preciso das pontas dos teus dedos
para que a insônia crave em mim as suas unhas
e eu te guarde, enluarado, entre os meus segredos.

Desenrola teu desejo sobre a minha pele nua
para que a minha boca beba na tua,
esse hálito de flor
e provoque uma súbita troca de posições
onde meus cachos pendam frouxos sobre o teu rubor.

(Para que eu me despeça da maldade
do querer entardecido de ausências,
deita tua fome em nossas pendências.)

E deixa que o dia brote do horizonte
como se fosse do mais íntimo da gente:
adormeceremos ensolarados e castos
como o poente.
*
*
*
Marla de Queiroz

10 comentários:

Anônimo disse...

Magnífica descrição de uma noite quente!
Abraços

Larissa Marques - LM@rq disse...

Sê bem vinda, menina linda! Quanta alegria ver seu poema impresso aqui.
Beijo grande!

- disse...

Bela poesia .. Romântica .. Estava bem inspirada nesse dia, hem?
Beijins

Anônimo disse...

Amor, convite irresistível...hálito de flor, perfume de flor, desabrochar de flor...a vida parece um jardim!!!
E a gente fica boba, boba...

Filipe M. Vasconcelos disse...

Muito bonito o poema.. Foi legal ter encontrado este espaço.
Grande abraço

Unknown disse...

muito bom!

medusa que costura insanidades disse...

bebi cada gota desta maravilhosa poesia e acordei trêmula no poente escarnecido...

Freddie disse...

Muito bonito, um convite marcado... "para que a insônia crave em mim as suas unhas e eu te guardo, enluarado, entre os meus segredos"... Com um final que tem cara de início... "como se fosse do mais íntimo da gente: adormeceremos ensolarados e castos como o poente". Lindo! Abraço.

Augusto Sapienza disse...

Muito bom texto... Fui arremetido às lembranças de minhas noites mais enradiantes, que no fim, fui poente...

Beijos

Glauber Vieira disse...

Falar o que de um texto unânime? Apenas faço ecoar os elogios justos dos meus colegas. O texto é ótimo, parabéns!